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O que acontece hoje no governo Lula nada mais é do que acontece em todos municípios e Estados brasileiros. Essa política de “uma mão lava a outra” é antiga, e não me assusta tantos escândalos estarem vindo à tona.
A política eleitoral brasileira me envergonha, e não estou me referindo só aos políticos, mas, sobretudo, à maioria que dela participa, pois mais corrupto que um político que compra o voto é aquele que recebe e vota. E exemplos temos aos montes.
A atual política administrativa infelizmente também funciona assim, como se diz: “Um prefeito sem os vereadores faz muita coisa, mas é limitado, e o vereador sem o prefeito fica limitadíssimo”. Isso inclui os governos estaduais e um pouco o federal. Aí entra o jogo de secretarias e ministérios, nos quais os cargos essencialmente técnicos são ocupados por políticos que muitas vezes não se lembram do bem público e, sim, de sua instabilidade e de que o mandato é de apenas quatro anos.
Os casos dos Correios e do “mensalão” são conseqüências disso, das alianças forçadas nas quais o PT teve de engolir adversários históricos e suas próprias bandeiras para tocar o seu desarticulado governo. Assim, Roberto Jefferson, defensor do governo Collor e hoje mais magro, se encaixou nesse parlamento petista.
A sucessão de escândalos na base do governo Lula mostra com grande clareza uma administração composta por sua maioria de um único partido, repleto de um bolchevismo oportunista e inoportuno, e refém de seu passado revolucionário. A construção de um governo de maioria deve passar sempre pela valorização dos partidos aliados, com distribuição técnico-política dos espaços de decisão e de poder, pois deles dependem o sucesso administrativo e político de qualquer governo.
Lula e o PT, alinhados ao que existe de mais retrógrado na política, decidiram, ao invés de dividir o poder, comprá-lo, utilizando a tática mais incorreta, que, num passado recente, derrubou o ex-presidente Collor. Lula apostou por demais nos “trezentos picaretas” e, ao acordar, viu-se cercado dos próprios picaretas de seu partido, que governam com facilidade os “benefícios” da máquina pública.
Roberto Jefferson é apenas um dos descontentes que, por não mais interessarem aos joguetes palacianos, foi isolado pelo PT do Planalto (não o PT de origem). A CPI dos Correios com certeza terá um alcance muito maior e chegará às barbas do Planalto, relembrando o caso Waldomiro Diniz, entre outros. O aborto realizado pelo PT não deu certo, o tiro saiu pela culatra, e agora veremos José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino, entre outros, no banco dos réus. E o PT perderá, de vez, o título de paladino da moral e dos bons costumes, e deverá aprender que só se governa com aliados, e que estes devem ser respeitados e, acima de tudo, bem escolhidos.
O presidente, quando disse “eu dou cheque em branco ao Roberto Jefferson”, sabia que era mentira, mas é preciso pequenas mentiras para encobrir mentiras maiores, para que assim ele garanta alianças e sua reeleição em 2006.
Mas continuo com aquela velha expressão “antes só do que mal acompanhado”. A resposta virá em 2006. Nas urnas.
DANILO FERREIRA GOMES